sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Sem título (Mayara Ribeiro dos Santos)

Era uma tarde, primeiro dia de aula. Primeiro ano do ensino fundamental, escola nova, professores novos, colegas novos. A professora começa a se apresentar. Eu estava sentada, com meu material novo em cima da carteira, ouvindo atentamente e mascando meu chiclete. Ela diz seu nome e vai acrescentando detalhes sobre si, as aulas e o que ela não permitia na sala. Conversas excessivas, sair sem permissão, ir às aulas sem uniforme e aquela coisa toda. E, para meu espanto, firme e seriamente ela nos noticia de que era proibido chiclete durante as aulas.


Meus olhos se arregalaram porque me lembrei de que estava mascando um; logo, comecei a pensar em como me livrar dele. O lixo estava muito à frente, longe demais; se eu me levantasse para ir até lá, a professora e todos perceberiam. Na hora, não me vieram à cabeça boa saídas, nem ao menos uma simples, como colocar em um papel, grudar embaixo da carteira, ou qualquer outra atitude normal. Apenas olhei ao redor, peguei o chiclete da boca e, disfarçadamente, abri o zíper e guardei no bolso da calça do uniforme. Sim, guardei o chiclete no bolso da calça, sabendo que ele estaria escondido ali até a hora de a aula acabar e eu poder jogá-lo no lixo.

Quando cheguei em casa, fui para o quarto tirar o uniforme e logo me assustei ao lembrar do que tinha esquecido: o chiclete dentro do meu bolso. Abri para tirá-lo de lá e, quando vi, estava todo grudado no bolso da calça. Tentei desgrudá-lo dali, mas foi em vão: o chiclete não desgrudava.

Sem saber o que fazer, recorri à minha mãe. Não sei se foi inocência de criança ou pressa para que a professora não visse, apenas sei que minha mãe e todos não acreditaram no que eu tinha feito e riram. Minha mãe, mesmo com várias tentativas, com gelo, Coca-Cola, não conseguiu: o chiclete não desgrudou de lá. O jeito foi comprar uma calça nova e, claro, nunca mais guardar chiclete no bolso.

Um comentário:

  1. Recuperar sentimentos e sensações de nossos primeiros passos na escola é sempre uma fonte imensa de assuntos para crônicas. Mayara o faz de maneira divertida, e se vale uma dica, peço que procure a crônica "Presente", de Gloria Kirinus, que pode já estar em algum lugar da Internet, ou no livro "Aranha Castanha e outras tramas", onde foi publicado. Ela (e você) certamente gostarão.

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