sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O amor que nunca terei (Renata Konig da Silva)

Saí da última aula e, deixando a faculdade para trás, segui meu rotineiro caminho até o ponto de ônibus, o qual pegava todos os dias com as mesmas pessoas, com os mesmos olhares, sorrisos e contrastes. Mas o que eu não sabia era que, justamente naquele dia, muita coisa mudaria...


Lá estava eu, sentada em um dos últimos e mais escondidos bancos do ônibus, com meu fone de ouvido tentando fugir da constante agitação da cidade e do dia, quando, logo após parar, me fez olhar a catraca no mesmo instante que o último passageiro daquele dia entraria... Foi então que aconteceu a mais simples troca de olhares com um fascinante rapaz de pele clara, cabelo castanho, olhos claros e bochechas rosadas que me tocou intensamente ao ponto de me fazer sorrir com aquele sorriso do mais bobo que podemos ter. Imóvel no meu canto, fiquei admirando da forma mais discreta aquele rapaz entrar e movimentar-se procurando um lugar para se sentar e que, sem sucesso, veio caminhando para perto de mim, fazendo com que meus olhos brilhassem e minha pele arrepiasse.

Ao se aproximar, nossos olhos se encontraram novamente e, dessa vez, ele sorriu. Por um momento, cheguei a pensar que muita coisa poderia acontecer depois, que poderíamos nos esbarrar mais vezes naquele ônibus ou que simplesmente o destino faria com que nós nos conhecêssemos. Mas, pelo contrário, o destino deixou vago o que poderia acontecer ...

Nossos olhares se cruzaram por mais outras vezes, nossas mãos chegaram até a se encostarem devido a uma freiada brusca do ônibus, mas, para a minha tristeza, nada além disso. Nada além de um amor platônico que me ocorreu em mais um dia da minha vida frustrante.

O ônibus parou em um dos seus terminais, fazendo com que ele me deixasse, tirando-me do momento mágico que, por um instante, achei que poderia se eternizar... Deixou-me, então, com os pensamentos mais sinceros e eletrizantes, com os olhos ainda brilhando e com aquele frio na barriga que somente uma paixão pode fazer com que sintamos. Todos os dias ainda pego o mesmo ônibus, no mesmo lugar, imaginando como seria encontrá-lo mais uma vez.

Talvez ele tenha sido aquele amor que nunca terei, ou talvez possa ser aquele que nunca esquecerei.

Um comentário:

  1. Renata acompanha o "feeling" de almas antigas se reencontrando, que temos no texto do Yullemi. Mas o mais bacana neste é que ele é a cara da própria Renatinha. Tem um tipo de emoção leve e pessoal que é bem dela.

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