Voltando ao tempo antes de toda a sensação já descrita: cerca de 20 pessoas em uma fila que parecia não andar. Era possível, até determinado ponto, acompanhar a subida dos que já estavam posicionados; para adiante, o sol cortava a visão. Os gritos, que se iniciavam nos primeiros segundos de descida, eram interrompidos quase que sem se sentir e novamente liberados após seu término. Como definir aqueles sentimentos que deviam estar aflorando em nosso personagem? Ansiedade, medo, angústia, vontade de passar por aquela mesma experiência?
Ao andar da fila, era possível imaginar a pulsação mais forte e a vontade de desistir cada vez maior daquela pessoa. Mas ao pensar que o arrependimento poderia ser maior, todos aqueles sentimentos ruins provavelmente se tornavam mínimos. Quando chegou nossa vez, iniciou-se uma subida que, aos olhos de quem vê, parece rápida, mas que aos olhos de quem não vê deve ser a mais demorada experiência. Ao parar, a 100m de altura, a partir de onde o momento da queda é imprevisível para o nosso personagem, imagino todos os pensamentos possíveis que ele deve ter tido. Queria ao menos a oportunidade de ter me sentado ao seu lado para ver as suas expressões.
Veio, então, a parte mais esperada de tudo aquilo. A queda. Os pés, que estavam pendurados, logo se contraíram; o grito, interrompido pela pressão. A superação de um medo e um exemplo para os demais de que as condições físicas não o impediriam de realizar seus desejos. Algo que para os demais parece simples, como um brinquedo chamado Big Tower, para este personagem tornou-se algo relativamente importante.
E, ao fim da queda, após aquele turbilhão de sensações e de maneira tão bem humorada, uma única frase:
- Puta que o pariu! Que sem graça, não vi nada!
Elaine arrisca-se numa crônica que parecia levar para a filosofia metafísica e, no final, está muito mais para Geraldo Magela (o ceguinho) do que para os círculos europeus de metafísica, rsrsrsrs. Um texto bem engraçado e publicitário em essência. Boa, Nany.
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