sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Sem título (Jaqueline Calixto dos Santos)

Mais uma semana se inicia. Os pássaros cantam, a luz invade o quarto e, enquanto, isso Camila rola na cama, ainda atordoada por conta da noite anterior. A única coisa de que conseguia se lembrar era de ter virado uma segunda ou quem sabe uma terceira dose de tequila por volta das três da manhã.


A função soneca a desperta pela milésima vez. Provavelmente, Camila pensa: o objetivo até era voltar antes da meia-noite, mas, como já se sabe, isso nunca acontece, e cá estou eu, destruída. Mal conseguindo abrir os olhos. Porém, mesmo cansada, Camila sentia-se disposta, sentia-se aliviada, leve, livre. Um sorriso estampado nos lábios, os olhos brilhando, a alma desejando vida! Imaginava viagens, cursos, novos amigos, novos amores e tantas outras surpresas. Camila é simplesmente fascinada pelas reviravoltas e novas possibilidades que a vida nos proporciona. Como qualquer outra pessoa, ela havia passado por uma daquelas chamadas, “fases difíceis”. Mas agora, finalmente, estava em paz, em sintonia e harmonia consigo e o mundo, nada estragaria o seu dia, nem mesmo a ressaca e a dor de cabeça, ou então a falta da nicotina matinal.

Camila é vivida, apesar de quase sempre pedirem seu RG quando compra cigarros. Ela apenas sorri como quem quisesse dizer: “bom se fosse menor de idade”. Como de costume, ajeita os fones de ouvido, escolhe uma boa música e se encaixa em algum cantinho dentro do ônibus. O corpo leve, a mente sã, o coração reconstruído. Camila aproveita a viagem para sonhar e planejar o futuro; entre os tantos planos, repetir noites prolongadas como aquela. Afinal, nada melhor do que a celebração da solteirice e da liberdade.

Um comentário:

  1. Jaqueline faz com que Camila nos obrigue a pensar... ou seria sonhar? Acho que ambas as coisas, na verdade. Ser e/ou parecer mais jovem, poder agir conforme as próprias conveniências, tudo isso faz parte de Camila, e Camila faz parte de todos nós.

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