sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O voar dos pensamentos (Helen Regina Antunes dos Santos)

Que tédio! Já não aguentava mais ficar em casa, peguei meu livro e fui para a praça perto de casa. Estava cheia naquele dia, devia ser pelo fato de o dia estar lindo. Procurei um lugar tranquilo pra ler, avistei um banco ao longe, corri e, finalmente, depois de alguns bons minutos, me sentei.


Viajei em meus pensamentos, mas algo me chamou a atenção: em meio a todas aquelas pessoas, umas dançando, jogando futebol e outras perdidas em seus pensamentos, como eu estava, havia um homem todo encolhido, largado em meio ao gramado. Dois meninos faziam passos de danças ao seu lado e nem perceberam sua presença. Ele devia estar ali adormecido há horas, aparentava uns 30 anos e estava sujo como se tivesse caído na lama. Fiquei olhando para os lados e nada, ninguém veio para chamá-lo ou ver se ele estava bem. Todos estavam em seus mundos de felicidade e aquele homem, ali, era como se fosse uma folha de árvore que cai no outono, era apenas parte da paisagem.

Pensei: “Por que essas pessoas não ligam de ele estar ali? Será que está morto? Por que ele está ali? Por que ninguém não faz nada?... Aiiiiii!”.

- Desculpe, moça! - era a voz do rapaz que me atingiu com em cheio com uma bola. Como ele era lindo...

E mais uma pessoa deixou de pensar naquele ser humano que mais parecia o homem invisível em meio a tantas pessoas.

Um comentário:

  1. Ainda que possa não dominar o conceito, mas por ser humana e ligada, Helen nos põe em contato com o princípio da "invisibilidade urbana", aquele "ser ninguém na multidão", que pode nos desumanizar. Algo que vemos com constância em Curitiba - aliás, no mundo. O que será que nos tira a chance de enxergar o humano nos corpos à nossa frente?

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