quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O carro que não comprei (Elaine Soares Bonfim)

Voltando para casa depois de um cansativo dia de trabalho, recebo uma ligação. Era uma amiga que não via há muito tempo, e como estava passando pela Marechal e sabia que ela trabalhava por ali, combinamos tomar um Chopp para colocarmos o assunto em dia.

Dirigi-me ao local combinado para esperá-la, na Praça Tiradentes, em frente à catedral. Já estava lá havia uns 15 minutos e nada, quando de repente se aproxima de mim um carro. Era um gol 90 na cor amarela; ele foi estacionando bem ao meu lado. Do carro desceu um rapaz de aproximadamente 30 anos, bem vestido, que se apresentou como André e estava acompanhado de uma moça muito simpática que, lá de dentro do carro, me cumprimentou com um sorriso.

Não sei o que passou pela minha cabeça, mas acreditei que ele iria me pedir uma informação. Foi quando tive uma surpresa: André me convidou para ver seu carro. Como minha amiga ainda não tinha chegado, não vi problema.

Abriu a porta do carro e me deixou muito confortável:


- Pode entrar no carro, fique à vontade!

Enquanto olhava o painel do carro, ele me falava várias qualidades do mesmo. Sua mulher, que continuava no carro, ainda sorria para mim. André me convidou para ver o motor do carro. Sem entender muita coisa, não quis contrariá-lo; fomos para a frente do carro dar uma olhada no motor. Foi nesse momento que ouvi a voz da minha amiga me chamando. Olhei para trás e a avistei; me despedi do simpático casal que acabara de conhecer, quando André me disse:

- Como assim, Fabiano? Você me ligou hoje pela manhã para ver o carro, não vamos fazer negócio?


- Não, não me chamo Fabiano. Só estava aguardando minha amiga para tomarmos um chopp, mas foi um prazer conhecê-los. Tchau!

Um comentário:

  1. Elaine nos traz uma daquelas narrativas tão cotidianas, tão comuns e, ao mesmo tempo, tão absurdas que não sabemos se o riso ao final é justo. Afinal de contas, podemos nos identificar em situações em que estivemos na posição de André ou na do pretenso comprador do carro e, independentemente de qual personagem assumamos, teremos no fim a mesma vontade de ficar com o rosto vermelho de embaraço. Gosto muito desse tipo de história. Parabéns.

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