sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Corrigir já é um bom começo (Dayane Oliveira Vaz dos Santos)

Inevitável prestar atenção nas conversas e fatos que se desenrolam todos os dias no meu serviço. Inevitável também parar pra pensar qual o raciocínio que leva um pai a agir deste jeito.

O senhor se deparava com a filha menor de idade que acabava de tentar cometer um furto, sendo barrada pelos seguranças da loja. No entanto, o pai agia com certa indiferença, e não aparentava nenhum constrangimento com a atitude da filha: “ô, meu amor, porque você fez isso?” perguntava ele.

A garota, de cabeça baixa, apenas fixava o chão. Tem apenas 14 anos, e já nessa situação. O pai, que acontecia na sala, apenas balbuciava palavras à filha e se incomodava com certas perguntas que eram feitas à garota.

Mais tarde, indignado com a situação, meu supervisor foi pedir satisfações ao pai, que sequer via a filha como uma delinqüente. Ouvi quando ele falou que faria de tudo para proteger a filha. “Eu sei que ela não fez por mal. Apenas queria roupas novas, não é tão grave assim”.

Ora, ora, o pai discutia com o supervisor como se a filha estivesse fazendo apenas mais uma comprinha rotineira na loja e não cometendo um crime, parecia um incentivo à atitude da filha. Consigo até entender por que a garota, com apenas 14 anos, é uma ladra. Não me espantaria também se algum dia chegasse a noticia de que a garota estaria presa ou até mesmo morta. Afinal, a correção é uma das principais armas para acertar aquilo que esta errado.

Imagina se um dia a garota de 14 anos comete um crime maior e, na hora de levar uma bronca do pai, diz: ”Mas o senhor nunca ligou pra isso”. O que ele poderá fazer para consertar o erro de não corrigir antes? Como explicar que ele achava que antes seus “crimes” eram considerados “nada” perto dos de agora?

Um comentário:

  1. A preocupação da Dayane é coerente com o discurso social prevalente - e, assim, coerente como um todo.

    Como sociedade, acreditamos, sim, que caiba aos pais a formação de caráter inicial (e continuada) de seus filhos, e nisso faço eco àquilo em que ela acredita. Abração!

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