sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Um conto ligeiro (Camila Cristina Alves da Silva)

"A vida é um conto ligeiro"; caso tal frase fosse seguida ao pé da letra, toda a nossa vida seria contada em breves linhas, mas aqueles que a aproveitassem teriam livros e mais livros de estórias e a vida deixaria de ser apenas um conto. Vivo os meus vinte e um anos, mas me recordo de quando tinha apenas sete: uma menina que sonhava e não tinha medo do escuro e muito menos do “homem do saco”; acreditava na Mulher Maravilha, em piratas e não ligava para o Papai Noel ou para a fada dos dentes.


Com aquela idade, a sala de aula se tornava uma forma de as crianças demonstrarem suas personalidades e começarem a desafiar seus limites; comigo não foi diferente. Era apenas mais um dia, mais uma aula, mais algumas horas presa em um lugar cheio de pessoas sem poder fazer o que eu queria. Antes de a professora entrar em sala, os alunos estavam completamente descontrolados, alguns grupos falando alto de um lado e outros brincando de luta em outro. No momento em que a professora chegou a situação mudou; todo mundo sentou-se, mas ainda era possível escutar algumas conversas. Em uma das carteiras, uma menina estava jogando uma borracha para cima; a professora pediu que ela parasse com aquilo, pois desejava iniciar sua aula; a menina não obedeceu. A professora repetiu seu pedido, mas a menina manteve a brincadeira, até que a professora, com ar de autoridade, dissesse: "Se eu pedir pela terceira vez pra você parar de jogar sua borracha, te jogo pela janela". A menina, então, passou a encarar a professora e, com um simples movimento, jogou novamente a borracha para o alto e depois a pegou. Fez-se silêncio em todo o ambiente e, meio segundo depois, a sala inteira delirava com a perseguição de gato e rato que acontecia.

Como a professora tivesse pernas compridas por ser alta, conseguiu alcançar a menina e, para não passar por mentirosa, abriu a janela da sala de aula - que se encontrava no térreo – e, como prometido, a jogou pela janela (de uma forma delicada). A menina não precisou escutar o que deveria fazer em seguida: saiu correndo e foi direto para a sala da diretora, já preparada para escutar uma bronca, mas ela se surpreendeu: a diretora não brigou, mas, como punição, a menina passou a frequentar a psicóloga da escola para melhorar seu comportamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário